Desenvolvido por
radioclip produções
O Vídeo – origens
O vídeo é em sua essência um suporte multiplataforma. Não porque nasceu assim, mas porque cresceu, amadureceu e se fez assim múltiplo.
Falamos em suporte porque ele recebe e permite configurações dos mais diferentes campos estéticos, seja a televisão em seu modelo broadcasting, como entretenimento, comércio ou informativo, seja a forma jornalística ou experimental do documentário, seja como expressão artística na videoarte ou no registro de eventos performáticos, na linguagem da computação gráfica em suas inúmeras manifestações, ou ainda como cinema digital. Para onde quer que olhemos hoje, no século XXI, estará o vídeo, de forma direta ou indireta.
É de enorme abrangência a significação alcançada pela palavra vídeo na contemporaneidade. Do latim videre, vídeo traduz-se simplesmente por vejo. O vídeo teve seu nascimento durante a década de 1920; seu filho pródigo, o videotape, só surge na década de 19501. Aqui consideramos o termo vídeo como algo que “abrange o conjunto de todos esses fenômenos significantes que se deixam estruturar na forma simbólica da imagem eletrônica”2, seja o televisor, o computador, o videotexto, o videodisco, o videogame, o DVD, as telas de tablets e outros dispositivos móveis, e todas as possibilidades de manifestação da imagem capturada e constituída por tecnologia digital. A imagem de alta definição atinge atualmente patamares limites para a visão humana (UHDV – Ultra High Definition Video – com 4.320 linhas horizontais). – Vale lembrar que o engenheiro americano Philo Farnsworth desenvolveu um tubo dissecador de imagens e realizou a primeira transmissão televisiva, feita por um inventor, com apenas 60 linhas horizontais: a imagem de um dólar, em 1927.
Também o russo-americano Vladimir Zworikyn apresentou, em 1929, modelos de visualização e de captura de imagens a partir do CRT (tubo de raios catódicos), instrumento inventado por Karl Braun, em 1897. Antes disso, a televisão já existia na forma mecânica, via cabos, e funcionava a partir da fragmentação da imagem através de gigantescos discos perfurados, sistema criado pelo alemão Paul Nipkow, em 1884. Em 1930, surge o Orthicon, o primeiro tubo analisador de imagens comercializado pela RCA e utilizado para difusão pública3.
A partir do começo dos anos 60, e numa velocidade crescente, o vídeo desperta a atenção de artistas, tornando-se um meio expressivo para um grande números de videomakers independentes do sistema televisivo comercial.
Processos e etapas à parte, o sistema vídeo atinge a sua maturidade na década de 1970, e a partir de 1980 já é largamente utilizado como ferramenta complementar do cinema, chegando mesmo a substituir a película em muitas produções4. Pouco depois, alguns cineastas adotaram e passaram a também utilizar a tecnologia de captação em vídeo digital, através de refinada tecnologia de alta resolução, para a realização de gravações que, após edição não-linear (digital), seriam repassadas para película (filme), e então exibidas nas salas de cinema como tal.
No século XXI, a realidade é que a captação adotou o sistema eletrônico digital em todas as suas etapas. Por causa do pouco sentido de usar películas de filme, infinitamente caras e de difícil processamento.
Basicamente vídeos são imagens em movimento, sonorizadas ou não, obtidas a partir de uma videocâmera, que antes captava os estímulos luminosos e sonoros e os transformava em sinais elétricos, fixando-os magneticamente, por meio de óxidos metálicos, em fitas sensíveis apropriadas.
Com os sistemas digitais, as informações são transcodificadas em algoritmos e armazenadas como números, seja em discos rígidos dos mais variados modelos e tecnologias ou em fitas especiais, como ainda se faz em alguns sistemas de backup (cópias de segurança) para redes televisivas, de modo a preservar as informações originais mesmo após a sua duplicação.
Por meio da síntese numérico-virtual, essa imagem obtida pela mediação de câmeras e transmutada em código binário (digitalização) pode ser agregada a outras totalmente virtuais. A adição de efeitos visuais e de recursos de edição e montagem pode alterar a natureza específica inicial da imagem com resultados praticamente ilimitados, sobretudo considerando-se as possibilidades dadas pelo uso de recursos dos equipamentos (hardware) e dos programas (software) de geração e pós-produção, fartamente disponíveis no mercado especializado.
Tal tecnologia representou um grande salto qualitativo no modo de produção de imagens em movimento, principalmente se comparada aos processos da fotografia tradicional usada no cinema durante o século XX.
Referências:
1) A Ampex apresenta o primeiro VTR (videotape recorder) em 1951, resultado das pesquisas de Charles Ginsburg e sua equipe sobre os processos de transformação e armazenagem de imagens em impulsos eletromagnéticos. Disponível em: < http://inventors.about.com/library/inventors/blvideo.htm>. Acessado em 25 set. 2005.
2) MACHADO, Arlindo. A Arte do Vídeo. São Paulo, Ed. Brasiliense, 1988.
3) Disponível em <http://inventors.about.com/library/inventors/blfarnsworth.htm>, e <http://www.televisao.vilabol.uol.com.br/historiadatelevisao.htm> e <revistagalileu.globo.com/EditoraGlobo/componentes/article/edg_article_print/1,3916,589041-1938-2,00.html>. Acesso em: 25 set. 2005.
4) MACHADO, Arlindo. O vídeo e sua linguagem. Revista USP, n. 19, p.124, set./nov. 1993.
- Todos os direitos reservados por Moacir Macedo. Os textos podem ser reproduzidos com a citação da fonte.